NÁUFRAGO
Era uma vez uma ilha. Diferente das ilhas tropicais onde os piratas escondiam seu rum ou seus tesouros, esta ilha não tinha bonitezas para se admirar, embora sempre fosse possível se encantar com a espuma das ondas quebrando na praia. Há meses chovia. /vento e frio. Lama e a vida que pouco saia da toca. Mesmo assim era ilha e como tal poderia habilitar os sonhos de qualquer pessoa.
Não é onde eu desejaria morar, já que meu intagram certamente seria pouco atualizado e nele imperaria a monotonia da paisagem. Isto se houvesse internet por lá e se caso houvesse, com certeza usaria todo pacote de dados para pedir resgate.
Wilson com o seu formato de bola de vôlei faria o mesmo. Mas é onde figurativamente, moram empresas onde tantas pessoas entram para bater o ponto todos os dias. Figuram na chuva a torrencial chuva de cifras que se acumulam em negativo no chão empoeirado. Chove a falta de ânimo e de energia. Levam as ondas a confiança. Nesta ilha também moram pessoas que gritam por socorro - sem pacote de dados. São mulheres vítimas de violência e da violência cotidiana. Sobrevivem como a pequena vida que existe e resiste neste lugar hostil que não é distante de nós. A ilha está em nós, em nosso meio, em nossas relações cotidianas. Está em quem continua momentaneamente cego para o horizonte, fragilizado que está perante o desespero.
Ela nunca deixará de existir e interessa apenas o que fizermos com ela. Conheça as iniciativas do Terceiro Setor que estão tentando mudar o Brasil e tome seu lugar em cada uma delas. Resgate uma pessoa da ilha. Resgate a si mesmo. E mude o mundo conhecido.