Existem coisas na vida que são extremamente prazerosas. Ver um filho crescer é uma delas. Admirar seu aprendizado, suas conquistas e superação faz encher os olhos dágua até mesmo das mães mais experientes. Mas elas viram mais do que isso. Nas linhas das suas mãos estão as marcas da construção de uma cidade, de um espaço onde escolhemos morar e com o qual criamos laços de carinho. Essas mães construíram Videira. O relato de suas vidas se encontra no livro Mães de Videira, de autoria da videirense Angela Zatta.
O que encontraremos no seu livro?
Inspirações. O livro conta a história de 22 mulheres incríveis e incrivelmente fortes! A proposta do livro era contar a história individual de cada uma, mas conforme as entrevistas com elas foram acontecendo, pudemos perceber que suas vidas se interligavam de alguma forma e isso é muito bonito de ver. Costumo brincar dizendo que sinto o livro vibrar quando o tenho em mãos porque as histórias que estão lá são muito impactantes. Você vai encontrar a história de mulheres que não se definem com apenas um adjetivo. Elas são apaixonadas! E são todas mães. É interessante ver como a própria maternidade mudou conforme os anos passaram, porque elas veem os filhos e a família de uma forma diferente da minha, quando as entrevistei. Elas uniram maternidade, trabalho, casa, família e fizeram tudo dar certo em um tempo em que não existia creche em tempo integral, pois as necessidades das famílias eram diferentes. Então, eu acredito que você vai encontrar 22 boas doses de inspiração para levar a sua vida de uma forma mais leve por ver que é possível superar todos e tantos obstáculos.
E todas elas são de Videira?
Todas moram aqui atualmente. Muitas delas não nasceram aqui, mas construíram em Videira as suas vidas e famílias.
Como foi o processo de entrevistá-las?
Foi muito prazeroso. Conversar com pessoas de idade é um desafio para qualquer pessoa que não tenha o costume de ouvir ou de ouvir com empatia. Pensei que seria mais fácil porque uma das minhas paixões é realmente ouvir as histórias das pessoas e depois buscar emocioná-las a partir de suas próprias vivências. Mas foi desafiador porque, primeiramente, eu gosto de falar baixo e achei que isso seria importante para estabelecer um vínculo com elas. Não poderia estar mais errada! Depois percebi que a minha relação de perguntas estava errada, porque ninguém conta a sua história a partir de perguntas fixas e em ordem sequencial. Eu não tinha entendido o fluxo de lembranças e da emoção até que começamos as entrevistas. E por fim, descobri que precisava da ajuda de um intermediador em todas as conversas porque a memória aviva quando é compartilhada e eu sou muito jovem para ter memórias que elas se lembrem, afinal nasci nos anos 90. Então, na maioria das vezes, eu ia acompanhada pela Rosi ou pelo Rid, que lembram de mais fatos do que eu e já as conheciam. Como elas já tinham confiança neles, eles faziam as perguntas e eu ouvia tudo para depois escrever. Eram entrevistas de duas horas, as vezes até mais, que depois eram transcritas e então transformadas no texto para o livro.
Você teve dificuldades para escrever? Quais?
De que forma você coloca uma vida inteira em tão poucas páginas? A vida de cada uma daria um livro! Passei noites e noites contando para minha filha a história da vida de cada uma delas, porque todas se superaram de alguma forma e são exemplos para nossas crianças. Algumas, de tão conhecidas na cidade, se tornaram quase mitos. Como você escreve sobre um mito? E como você fala sobre tabus como mortes, agressões, adoção, doenças? E sobre a saudade? Percebi que todas nós gostaríamos que nossas vidas fossem perfeitas para que pudéssemos ter uma história bonita para contar no livro ou fora dele. Mas elas me ensinaram que cada história de vida é linda porque todas, absolutamente todas, olham para trás com gratidão! E olham para o futuro com esperança!
Podemos esperar outros lançamentos?
Acredito que sim. Temos outros projetos em mente, mas ainda estão em fase de projeto.
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