04/11/2016

Jornada de Êxito - Medalha de ouro em Superação - Aline dos Santos Rocha

Costuma-se dizer que grandes batalhas só são dadas a grandes soldados, e essa história Aline dos Santos Rocha conhece muito bem. Com sorriso de orelha a orelha e com um olhar sonhador voltado ao futuro conta com alegria como superou e supera diariamente os desafios.
Aos 15 anos após um acidente de automóvel que lhe deixou paraplégica ela, tirou forças de onde não tinha para se adaptar a sua nova realidade. O que para muitos poderia ser o fim, para ela foi uma oportunidade de encontrar um novo caminho.

Paranaense de certidão, mas Catarinense de coração, Aline morava na cidade de Campos Novos-SC, quando com 15 anos sua família se envolveu em um acidente automobilístico durante uma viagem. Uma batida frontal, que fez com que os objetos pesados que estavam no bagageiro viessem para frente, quebrando o banco traseiro, resultando em uma lesão medular de nível L2 e L3, causando um quadro permanente de paraplegia em Aline.
Depois da fase inicial de choque, teve a oportunidade de fazer sua reabilitação no Hospital Sarah Kubstichek em Brasília-DF, que foi determinante da reabilitação, pois assim aprendeu a ter uma vida normal, mesmo na condição de cadeirante. Durante esse processo de recuperação teve contato com algumas atividades esportivas, de artesanato e até mesmo atividades domésticas.
Em 2010, aos 19 anos teve a oportunidade de conhecer a ARAD - Associação Regional dos Atletas com Deficiência do Meio-Oeste Catarinense, em Joaçaba-SC. Fernando coordenava as atividades da ARAD e dessa forma o esporte passou a fazer parte da vida da paratleta, que até então sonhava em ser médica, abandonando esse sonho para cursar Educação Física para seguir no esporte.
Ainda nesse ano participou do seu primeiro PARAJASC competindo com uma cadeira de Basquete, no ano seguinte, um ano antes de se formar, conseguiram adquirir uma cadeira de corridas mais adequada. Então começaram as corridas de rua, como a Duathlon - Caminhos de Ferro. Em 2012 já obteve índice para disputar as Etapas Nacionais do Circuito Loterias Caixa.
Com essa reviravolta e a decisão de ser atleta foi preciso fazer uma escolha, terminar a faculdade e continuar no Meio-Oeste ou arriscar tudo e ir morar em um grande centro para ter condições mais favoráveis de treinamento e sonhar com a participação na Paralimpíada.
Dessa forma em 2014 ela o marido Fernando decidiram mudar-se para São Caetano do Sul-SP. Tudo ficou mais favorável e os resultados vieram rápido, porém o sonho paralímpico ainda estava distante. Em 2015 não conseguiu os resultados mínimos para participar do Parapan-Americano e com isso parecia que uma Paralimpíada seria impossível. Com muita luta e investimento em 2016 chegou o tão esperado resultado que colocou Aline na 4ª colocação do Ranking Mundial e onde veio a convocação para os tão sonhados Jogos Paralímpicos do Rio 2016, no Brasil.
Logo na primeira competição teve certeza de que era essa a carreira que queria seguir. Quando recebeu sua primeira medalha, percebeu que poderia ser uma pessoa de sucesso, mesmo em condição de deficiência. Em 2011 quando finalizou os 8,4km do percurso de corrida do Duathlon, percebeu que era sinônimo de superação, percebeu que as pessoas a enxergavam como exemplo, a fazendo perceber que poderia ajudar as pessoas, aumentando o desejo de continuar a carreira esportiva.
Participou de diversas competições mas cita a primeira participação na São Silvestre como a mais curiosa, pelas dificuldades que enfrentou no percurso com pequenas lesões, até a perda de uma das luvas. Porém o incentivo do marido que corria a frente dando a direção e das pessoas que gritavam para que ela não desistisse foi uma sensação indescritível. Apesar de todo sofrimento, dores e cansaço físico da prova, ela venceu a corrida da rua mais tradicional do Brasil, num momento único e inesquecível.
Teve muitas conquistas grandiosas, como a vitória em uma das edições da São Silvestre, bem como o terceiro lugar na Maratona de Oita no Japão e a vitória na Grandmas Marathon que garantiu vaga para as Paralimpíadas que foi o ápice da carreira, poder participar do cerimonial de abertura, andar pela vila dos atletas, competir para quase 1 bilhão de pessoas assistirem tornaram esse um momento único.
Com 25 anos não cogita a hipótese de se aposentar tão cedo, espera pode competir em pelo menos mais 2 ou 3 paralimpíadas, acredita que em 2032 com 41 anos, ainda será competitiva.
"Sempre digo que não importa sua condição, pratique atividade física, sei que cada pessoa vive uma realidade diferente, mas é possível lutar por um sonho. Ao longo da vida algumas coisas poderão surgir e mudar o seu traçado, você precisa encarar os problemas e buscar alternativas e soluções". Comenta Aline frisando a importância de sonhar e de batalhar para realizá-los.
Aline e a superação tornam-se a cada dia um pouco mais aliadas. A superação é conseguir fazer o que os outros consideram impossível e que por vezes nem você acredita. A superação não tem a ver com deficiência ou com a pratica de esportes, ela está atrelada a superar limites, encarar as dificuldades de frente, é saber que ninguém mais acredita em seu sonho e você conseguir provar dia após dia o quanto é capaz, não provar somente aos outros, mas a si mesmo.

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